01/11/2009

Descuido: a morte do artista

«Conferimos os nomes e verificámos que, realmente, houve descuido do Sr. Acácio. Pedimos desculpa em seu nome» (sublinhado meu).
É deste modo que "Farol da Nossa Terra" responde a um reparo de Paulo Batista relativamente ao facto de Acácio Santos ter errado o nome deste membro da Assembleia de Freguesia de Beijós, num artigo sobre a instalação dos órgãos autárquicos da dita freguesia. Em primeiro lugar, em abono da verdade, é preciso dizer que Acácio Santos foi muito "descuidado" nesse artigo(*), já que há diversos erros na forma como noticia (?) as votações realizadas. Mas há também falta de informação e de vontade ou disponibilidade para a obter, caso contrário o repórter teria compreendido que o cidadão João Moura não foi felizardo nem foi chamado para ocupar o lugar de tesoureiro, foi chamado para ocupar o lugar deixado vago na Assembleia pelo membro que acabara de ser eleito para vogal da Junta. E saberia o que é a suspensão de mandato. A "ansiedade e tristeza" não deveriam ser impeditivas da objectividade mínima que se exige a uma reportagem.

Em segundo lugar, o "descuido" não foi exclusivo de Acácio Santos, foi mesmo a imagem de marca do Farol na cobertura dos actos de instalação dos órgão autárquicos. O artigo sobre os órgãos do município manteve, durante dois dias, a informação de um suposto discurso de um elemento do CDS, o qual só teve lugar na imaginação do repórter. Manteve também a omissão de um deputado na lista de empossados. Mantém ainda a informação errada sobre a lista mais votada (A), embora isso seja um pormenor irrelevante.

O que já não é descuido é a quarta pergunta que "FNT" fez ao Presidente da Câmara. Lino Dias, um farol da ética e da deontologia jornalísticas, questiona se não será falta de ética o facto de ter sido eleito para Presidente da Mesa um membro de um partido que não foi o partido mais votado nas eleições de 11 de Outubro. Não acredito que o faça de moto próprio, pois tal seria evidência de ignorância ou má fé. Deve ter sido em nome dos tais comentários que vai ouvindo nos corredores. Então, a esses comentadores, é devido um esclarecimento:
O PS foi o partido mais votado para a AM, mas não foi o partido votado pela maioria dos eleitores. Foi votado por 'apenas' 44%. É sempre possível especular que as pessoas que votaram PSD e CDS (em conjunto, perfazem 52% dos votos expressos) não gostassem de ver empossado na presidência da mesa o cabeça de lista do PS. No entanto, tal especulação é perfeitamente dispensável, já que a mesa da Assembleia não é eleita directamente, é eleita, com toda a "ética e dignidade", pelos seus membros, incluindo os que não são eleitos para o órgão, mas aí têm assento por terem sido eleitos para outro órgão - Junta de Freguesia. É possível um partido ter a maioria de votos e não ter, sequer, a maioria de deputados municipais - foi o que aconteceu em Lisboa em 2009, o PS ganhou as eleições na AM por uma pequena margem, mas a coligação PSD-CDS-MPT-PPM tem mais deputados, graças ao maior número de Presidentes de Junta. O PS precisa de um acordo com a CDU para eleger a mesa e para aprovar os planos e orçamentos - isto é falta de "ética e dignidade"?

(*) Adenda 19:45 1-11-2009 Depois desta postagem, saiu no blogue Pardieiros Online uma versão melhorada do artigo de Acácio Santos. Apesar disso, mantém-se incorrecta a notícia da votação do vogal que foi eleito, bem como da votação para a mesa da AF.

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